Prescindir do consumo de alimentos de origem animal é uma prática cada vez mais comum dos seres humanos. Mas uma especialista em nutrição alertou para as consequências da dieta a nível da saúde mental

Acolina é um nutriente essencial que faz parte do complexo B de vitaminas. As principais fontes deste nutriente na dieta são carne bovina, ovos, laticínios, peixe e frango. Pode também ser encontrado, a níveis muito mais baixos, em nozes, feijões e vegetais crucíferos, como brócolos. A colina é importante para o desempenho de várias funções do cérebro como a memória, o humor, o controlo muscular e pode até impedir o declínio da saúde mental que acontece com o tempo.

Quem não come carne pode estar a privar-se desta nutriente essencial, avisa a especialista em nutrição Emma Derbyshire, num artigo escrito para a revista British Medical Journal Nutrition, Prevention & Health. Derbyshire defende que muitas pessoas já não consomem as recomendações diárias e o aumento crescente de dietas à base de plantas pode piorar o problema.

“Fisiologicamente, a colina é fundamental para várias funções ao longo do ciclo de vida, estando a deficiência de colina ligada a doenças do fígado e a distúrbios neurológicos e na função cognitiva das crianças” disse, citada pelo Telegraph. “[Alertar para esta questão] é hoje mais importante do que nunca.”

Em 2016, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) publicou diretrizes alimentares que sugerem uma ingestão diária de 400 mg de colina para adultos e maiores de 15 anos e 480 mg para mulheres grávidas. No entanto, o consumo médio de europeus está atualmente abaixo desse nível.

O artigo fundamenta ainda que a colina acelera a criação e libertação de uma proteína chamada acetilcolina, que transporta sinais entre as células do cérebro. Verificou-se que os cérebros das pessoas com doença de Alzheimer apresentam níveis baixos de acetilcolina e os medicamentos usados para tratar os estágios iniciais da doença servem para aumentar os níveis desta proteína.

Um estudo realizado na Universidade de Harvard descobriu também que pessoas cujas dietas incluem grandes quantidades de colina têm um desempenho melhor em testes cognitivos e de memória.

Para contra-argumentar, a notícia do Telegraph cita Tom Sanders, professor de nutrição no King’s College de Londres, que diz ser possível obter colina suficiente a partir de outros alimentos: “A colina pode ser produzida no corpo e também é abundante em muitos alimentos vegetais, incluindo soja (…) Não há justificação suficiente para sugerir que a dieta baseada em plantas ponha em risco o desenvolvimento do cérebro. A minha própria investigação sobre veganos na Europa e nos EUA considera normais o crescimento e o desenvolvimento de veganos e vegetarianos”.

Em maio deste ano, já a Academia Real de Medicina da Bélgica emitia um parecer em que alertava para casos “muito graves” de imposição de veganismo a crianças, que obrigaram à hospitalização das mesmas.

Artigo original:
https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2019-09-02-As-dietas-vegetariana-e-vegana-privam-nos-de-um-nutriente-essencial-para-a-saude-do-nosso-cerebro